quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

As quantas andam seu felicitrometro

Todo dia ao acordar o meu felicitrometro marca 100% de felicidade, acordo bem, tomo meu banhinho, escovo os dentinhos e faço meu cafezinho bem gostosinho, vejo meu jornal da manhã e saio deixando nas mãos de Deus todos os meus caminhos. Chego no trabalho e cumprimento todos os funcionários com um sonoro e cantado bom dia, sento na minha cadeira giratória e ligo o computador e checo todos os pontos de equilíbrio de minha vida, bancos, associações, provimentos e provisões específicos da minha área. 100% de felicidade e chega um colega que não me cumprimenta, um chefe estressado e um diretor carrancudo e minha felicidade desacelera pra uns 95%, trabalho coletado e feito no horário, pronto pra sair e lá vem serviço atrasado de outro departamento e minha felicidade pega um desvio e cai para 90%, desço pra tomar um café paro na cafeteria e a moça uniformizada, bonita e bem educada me atende com um sorriso no rosto e minha felicidade sobe para 92%, volto para o trabalho e ao meio dia peço o almoço, o motoqueiro atrasa, o almoço chega frio e a desculpa é sempre a mesma: trocou o motoqueiro, ele é novo. E lá vai minha felicidade pra casa dos 85%, almoço correndo, pois só tenho 30 minutos de almoço e volto pro trabalho já com a cabeça no relógio ponto e minha felicidade chega aos 70%, chegam os estagiários, 65% de felicidade, e toca trabalho, aí vem aquele amigo que sofre com as injustiças cometidas contra ele e conta mais uma história sem pé e nem cabeça e pede sua opinião, 60% de felicidade e um pouco de estresse por conhecer a situação e não querer magoar o amigo, situação contornada chega enfim as cinco da tarde, saio bato o ponto, pego o carro e entro no movimento caótico da volta ao lar, pedindo socorro a Deus pra me guardar dos brações, doidos e sem noções pelo caminho, felicitrometro em 50%, no caminho recebo um telefonema pra passar no supermercado e quase não consigo decorar a lista extensa de itens que devo comprar, 45% de felicidade a essas alturas, chego no supermercado, faço as compras e busco uma fila com menos carrinhos cheios, encontro uma com dois carrinhos pequenos, 55% de felicidade, a moça que está saindo se complica com os cartões, um sem saldo, outro bloqueado, procura o talão de cheques e o encontra sem folhas e por fim enfia a mão na carteira e tira uns vales refeição e paga a conta, depois de tirar uns quatro produtos, um a um pra ver se dá e ficamos na dependência de um supervisor de caixa pra retirar os produtos da lista e liberar o caixa, 30% de felicidade e um começo de irritação, ao passar no caixa o código de barra do produto não consegue ser lido e lá vem patinador pra trocar o produto, mais 20 minutos de espera e 20% de felicidade e uma cara de puta merda estampada e a mostra pra todo mundo ver, 10% de felicidade, enfim saio, pego o carro e vou pra casa, esqueço do horário da faculdade e entro no engarrafamento e mais 30 minutos de luta pra sair da fila a 1,5 km de distancia de casa, 5% de felicidade, saio, xingando a mãe de todos os estudantes da universidade em questão, pobrezinhos. Chego em casa carregando 18 sacolinhas de plástico, sem mãos pra abrir a porta, bato com a cabeça na porta e ouço um já vai todo irritado e um “você não levou a chave”, 2% de felicidade, entro e minha cachorrinha vem me receber toda feliz e doida pra brincar, 7% de felicidade, largo as sacolas dou um beijo na mulher e falo um oi pra filha, 10% de felicidade e ouço: esqueci de pedir o papel higiênico e o sabonete que acabaram, 0% de felicidade, imagina se eu estivesse com uma diarreia repentina por causa do nervoso, “tava fudido”. E.Batbuta 08/02/2012