quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dudu 5.5 Ultra Jet Super Turbo

Nada como ter uma aerodinâmica disforme, um cock pit pelado e os aerofólios desajeitados, quando se chega no meio da pista, que pode ser até a de dança, é onde se mostra o gingado já meio enferrujado, os passinhos meio antiquados, mas com certeza, uma experiência invejável.
Pena que o tempo passou e o modelito já é o SLG, e a garotada já não fala o português que conhecíamos em nosso tempo, o romantismo virou peça de museu, por isso se você der flores é bem provável delas irem parar na salada ao invés do vaso.
Mas realmente não importa por que daqui pra frente eu não pretendo subir no telhado, nem pular muro, muito menos correr de policia, então pra que a pressa.
Hoje eu dirijo devagar para observar a paisagem, paro várias vezes pra não dormir na direção e principalmente tirar a água do joelho, graças ao diurético do remédio da pressão arterial.
Na praia eu já não pulo onda, nem dou um jacaré por que existe a possibilidade de ficar no fundo, prefiro a cadeira de praia, lambuzado de filtro solar fator 50, com um suco de qualquer coisa com gelo e óculos escuros pra ninguém saber pra onde estou olhando
Comer de tudo, pois nada faz mal nesse tão acurada primavera bem vivida.
Só não abro mão de boa companhia, bons amigos e bons papos.
Se já fui bom em alguma coisa, já passou agora eu quero ser um bom vivant, um largado, sem me preocupar em ter que provar ou mostrar algo para quem quer que seja.
Afinal eu tenho direito adquirido na minha existência, construi um patrimônio para que meus filhos possam brigar por ele, graças a Deus, tenho filhos. Trabalhei, estudei, me tornei um profissional em todos os sentidos, um profissional de cama, mesa e banho.
Experimentei todos os sentimentos e curti apuradamente todos os meus sentidos e hoje se não escuto é por que não quero, se não vejo é por que não interessa, se não pego é por que não presta, se não falo é por que não será ouvido.
Do amor aprendi que a gente se ilude até a plenitude, mas que é ele que faz o motor girar e não fundir. Da esperança aprendi que ela é a última que morre se a gente não morrer antes.
Da liberdade aprendi que sem ela não há nem amor e nem esperança e que a vida se torna insípida, totalmente sem graça. Dá aventura aprendi que grandes escaladas oferecem grandes riscos, mas se não sentir um friozinho na barriga de vez em quando é um desperdício.
Um beijo agarrado, molhado e de língua enrolada, num abraço quente e envolvente, mesmo que seja técnico, é melhor que sexo, apesar de que um vem depois do outro, uau!!!!
Não existe separação amigável, se alguém disser que se melhorar estraga é um imbecil e se alguém lhe disser que só vai botar a cabecinha esquece por que vai tudo, essas são as três maiores mentiras que se têm notícias no mundo.
No mais a vida segue seu curso.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Agosto

Todo mês de agosto é mês de reflexão em minha vida, é o mês em que eu me recolho a minha ínfima e inconsistente existência. Reluto e luto contra tudo o que faço por obrigação e tento dar-me asas longas e fortes para alçar altos vôos e no recôndito mais entranhado de mim mesmo tento exorcizar meus demônios e expulsar minhas bruxas. É a tentativa de limpeza da alma pela longanimidade e reflexão.
Aí eu me olho nua e cruamente com a chibata em punho para auto flagelar não ao eu reprimido, mas aos desejos escondidos e contidos que se arvoram a explodir em altas luzes para fora de mim como se dissesse a mim mesmo isto é o que te cabe como premio a tua indecência flamejante que se precipitam pelos poros nas horas mais imprecisas de forma insidiosa.
Aí eu vou relembrando tudo o que deixei para trás em termos de felicidade e de tudo que abri mão, em minha vida, ao deixar de valorizar e priorizar o que me emociona, me tesa, me faz respirar mais forte e profundamente, um beijo mais molhado e libidinoso que transformei num selinho de irmão, uma aventura desvairada cheia de emoção e sem previsão de como será o término que se transformou num fim de semana inócuo, a falta de escrúpulo para deixar aflorar o selvagem que está enjaulado dentro de mim, por medo, puro medo de reações de pessoas que nada tem a ver comigo, que não vivem minha vida, que sequer apóiam minhas insanidades.
E vou tocando em frente essa boiada de sentimentos que já pisotearam toda a grama verde de meu peito sujou toda água límpida do meu coração e transformaram a paisagem exuberante dos meus sonhos em concreto.
E eu penso cá com meus botões: Isso jamais será recuperado.
Mas eu posso desenhar novos caminhos, novos mapas que possam me levar para um lugar sereno e calmo, onde eu possa clarear as idéias e colocar em prática a leviandade da alma e me permitir rasgar todos os tratados imbecis que me prendem a normas que eu não criei e nem quero pra mim.
Eu quero somente poder me expressar de maneira saudável e incontida a alegria de viver e ser livre para viver. Eu quero poder abraçar sem correr o risco da falta de calor, de poder dizer que eu amo sem me ressentir do julgamento impreciso e sem convicção de meia dúzia de juízes de coisa alguma.
O meu tempo urge e ele é impiedoso, não teme e nem para, simplesmente segue seu curso e se esvai pelo caminho sombrio da minha própria ignorância.
“Quem não se valoriza ignora a si mesmo.”
Assim é o mês de agosto na minha vida, dura realidade, luta desigual.

Eduardo Batbuta 13/08/2010