quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Esperando o trem passar

Desembarquei aqui um dia de terça feira pelas 6 da matina, muito cedo pra uma criança traquina, logo que cheguei, apanhei, dureza essa vida de novato sem dente e com cabelo liso rente, sem saber falar não dá pra xingar, chorar só pra avisar que não quero apanhar. Gira mundo velho que devagar crescemos. Bom ser menino de rua, jogar bola, duro mesmo é ir pra escola, mas fazer o que? A vida é um aprendizado eterno, e vamos ficando cada vez mais modernos, sentimos sensações esquisitas, nos apaixonamos desde cedo pelas meninas bonitas, mas nada tem sentido dúbio, pois ainda não há dúvidas só sensações e seguimos nossa trilha que nos leva sempre aos becos sem saída mais bonitos que ao mesmo tempo nos dão medo pelos seus bem guardados segredos. Conversa daqui, conversa dali e tudo vai se aprumando como que entrando nos eixos e a vida muda. A juventude é como um furacão por onde passa causa muita agitação e levanta poeira, destrói construções e carrega dentro coisas boas e ruins e quando se dissipa deixa ao redor todos os destroços que pegou na passagem. Agora é a hora da verdade, a meninice acabou somos adultos numa guerra de interesses particulares e bem peculiares, jogos, armadilhas, mentiras se misturam às dúvidas, os amores, a lascívia, o desgosto e os sentimentos se embaralham. Um olhar, dois olhares e relou está pego e a antiga brincadeira de casinha vira realidade, a de médico então nem se fale, só que agora a boneca que está nos braços da namorada é de verdade e vêm sonhos e objetivos e muita luta, trabalho e o que era doce acabou-se e nem adianta chorar isso era pra época de criança, mas crescemos. E as vontades e desejos ficaram todos lá atrás, agora a prioridade come e caga, chora e a gente troca, mas é lindo ser pai e mais ainda ser mãe, mas nem pai e nem mãe são mais um do outro pois ambos são os brinquedos novos da criança. E passa a vida e o tempo corre e tudo se evapora no cansaço por que para construir uma vida vai muito suor.
Os filhos crescem e desaparecem e voltam de novo e a vida se encarrega dos seus ciclos contínuos e nós a olhamos incrédulos com que aparvalhados sem saber o que dizer de tão longa jornada onde nada mais resta do que as lembranças de alegrias e tristezas, de dores e gozos, sem realmente sabermos se fomos felizes, se realizamos o que queríamos, se era o que esperávamos e aí você enfia a mão no bolso da alma e retira sua passagem de lá, se senta e inspira suavemente assim como se tivesse largado o saco de pedras que carregava e ao olhar pra trás te digo que se de teus lábios surgir um sorriso terás vencido e poderás partir tranquilo quando Deus te chamar. Agora é só esperar o trem passar, até lá aproveite o intervalo, você merece e depois é só curtir a viagem de volta pra casa.

E.Batbuta 10/08/2011

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