terça-feira, 7 de abril de 2009

Enquanto eu viver

Nossas vidas são cercadas de belezas, as quais nem sempre estamos atentos para observar, das mais singelas às mais espetaculares e extravagantes pinturas se desenham diante de nossos olhos atônitos e ao mesmo tempo indolentes, e, distraidamente seguimos em meio a tudo isso, constrangedoramente dispersos dia após dia.
Mas com certeza enquanto eu viver eu não quero desperdiçar a chance de apreciar a simplicidade de um sorriso delicado num rosto inocente, a pureza d'alma dos despretensiosos, o calor emanado pelo coração de quem partilha, a gana de lutar pela vitoria da dignidade, a mão que ajuda sem ser vista, a vida que resplandece nos olhos das mães quem parem uma nova semente, da construção da evolução humana pelo amor, da curiosidade instigante do saber, do poder da sedução, da convicção e do convencimento, quero acima de tudo rir das hilaridades da vida, chorar pelas desventuras, aplaudir a notoriedade e vaiar as idiotices.
Enquanto eu viver quero dar e receber, me sentir querido e amar incondicionalmente, quero poder dizer não ao que não me interessa e me entregar de corpo e alma às coisas mais loucas da vida, mesmo que todos os olhares ao meu redor desaprovem minhas escolhas, mesmo que riam e desdenhem delas, pois acima de todas as certezas estará a minha certeza de que é assim que eu quero trilhar o meu caminho.
Enquanto eu viver, sei também que terei que enfrentar, com as armas que tiver, os preconceitos descarados, a falsidade, a complexidade dos relacionamentos, a dualidade das opiniões, a ironia lacônica das vaidades e o lixo redundante da excrescência humana.
Enquanto eu viver, enfim, quero ser o mais criativo possível, denso, largo e profundo, crer no imponderável, no intangível, aceitar a ambiguidade que nos torna diferentes e poder dividir para somar contigo minhas esperanças e desventuras, sem perder de vista a liberdade e o desfrute da boas e divertidas coisas que minha alma anseia neste mundo, enquanto eu viver.

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